A visão é um dos sentidos mais importantes do corpo humano e, por isso, qualquer desconforto nos olhos costuma gerar preocupação.
Uma das dúvidas mais comuns é se o simples ato de coçar os olhos pode, de fato, aumentar o grau dos óculos ou piorar problemas visuais já existentes.
Ainda que muitas pessoas repitam essa ideia como uma verdade absoluta, a ciência oferece uma explicação mais detalhada e equilibrada sobre o assunto.
Neste artigo, você vai descobrir se coçar os olhos realmente afeta o grau, quais são os riscos associados a esse hábito e como manter os olhos saudáveis no dia a dia.
Acompanhe!
Mito ou realidade?
A crença de que coçar os olhos pode aumentar o grau é bastante popular e, como muitas crenças relacionadas à saúde, surgiu da observação de comportamentos que pareciam ter relação direta com alterações visuais.
Muitas pessoas notavam que, após coçar os olhos com frequência, passavam a enxergar pior ou perceber mudanças temporárias na visão, levando à conclusão de que o ato era o responsável por “aumentar o grau”.
No entanto, do ponto de vista científico, coçar os olhos não causa diretamente o aumento do grau (seja miopia, hipermetropia ou astigmatismo).
O que pode acontecer, porém, é que o ato de coçar, quando feito com força ou repetidamente, provoca deformações na córnea (a camada transparente na parte frontal do olho), o que pode gerar alterações temporárias na visão e até favorecer o desenvolvimento de doenças oculares em pessoas predispostas.
Assim, podemos dizer que a ideia de que “coçar os olhos aumenta o grau” é um mito com um fundo de verdade.
O ato em si não altera diretamente o grau, mas pode contribuir para problemas que afetam a forma e a saúde da córnea, o que, em alguns casos, pode resultar em mudanças reais na refração ocular.
Por isso, a melhor forma de interpretar essa crença é com base científica: não é o ato de coçar em si que causa o problema, mas sim as consequências físicas desse hábito quando feito de maneira intensa, constante ou com as mãos sujas.
Efeitos físicos de coçar os olhos
Coçar os olhos pode parecer inofensivo, especialmente quando estamos com coceira por causa de alergias, poeira ou cansaço.
No entanto, os olhos são estruturas extremamente delicadas, e qualquer pressão ou atrito excessivo pode causar uma série de efeitos indesejados. Veja alguns possíveis impactos:
- Irritação da córnea: o atrito direto entre os dedos e a superfície ocular pode causar microlesões na córnea, gerando desconforto, dor e sensibilidade à luz.
- Inflamações oculares: mãos contaminadas por sujeira, bactérias ou alérgenos podem levar à conjuntivite e blefarite (inflamação das pálpebras).
- Agravamento de alergias: ao coçar, o corpo libera mais histamina, substância que aumenta a coceira e o inchaço, criando um ciclo vicioso difícil de interromper.
- Rompimento de vasos sanguíneos: coçar com força pode romper pequenos vasos na região dos olhos, causando vermelhidão ou pequenas manchas visíveis na esclera (parte branca do olho).
- Alterações temporárias na visão: a compressão do globo ocular pode distorcer momentaneamente a córnea, deixando a visão borrada por alguns minutos.
- Aumento do risco de ceratocone: em pessoas com predisposição genética, o ato de coçar constantemente pode enfraquecer e deformar a córnea, levando à progressão do ceratocone, uma condição que realmente altera o grau e causa visão distorcida.
- Deslocamento ou dano em lentes de contato: quem usa lentes pode deslocá-las ao coçar os olhos, o que aumenta o risco de irritação e infecção.
Quando pode ser prejudicial
Nem sempre coçar os olhos traz danos imediatos, mas existem situações em que o ato pode ser especialmente perigoso, como:
Em casos de ceratocone
O ceratocone é uma condição em que a córnea perde sua forma arredondada e passa a ficar mais fina e protuberante, em forma de cone. Coçar os olhos com frequência é um dos fatores de risco conhecidos para o agravamento da doença, já que o atrito constante enfraquece a estrutura corneana e acelera a progressão da deformação.
Durante crises alérgicas
Pessoas com rinite alérgica, conjuntivite alérgica ou sensibilidade ocular tendem a sentir coceira intensa nos olhos. Coçar pode até aliviar momentaneamente o desconforto, mas também espalha substâncias inflamatórias que pioram a irritação e aumentam o inchaço.
Quando há infecções oculares
Quando há conjuntivite ou qualquer infecção, coçar os olhos aumenta a disseminação dos micro-organismos e piora a inflamação. Além disso, pode facilitar o contágio para o outro olho ou para outras pessoas, caso a mão contaminada toque em superfícies.
Ao usar lentes de contato
Coçar os olhos enquanto usa lentes pode deslocá-las, causar pequenos arranhões na córnea e até quebrar a lente dentro do olho. O risco é ainda maior se as mãos não estiverem limpas.
Após cirurgias oculares
Após procedimentos como cirurgias de catarata, LASIK ou PRK, o olho precisa de tempo para cicatrizar. Coçar pode deslocar o tecido corneano, comprometer a recuperação e até gerar complicações que exigem nova intervenção médica.
Já ouviu falar de Ceratocone? Saiba mais sobre essa doença degenerativa aqui!
Cuidados diários para preservar a saúde ocular
A prevenção é sempre o melhor caminho quando se trata da saúde ocular. Adotar hábitos simples no dia a dia pode reduzir a necessidade de coçar os olhos e protege contra irritações e inflamações.
Veja algumas práticas recomendadas:
- Lave bem as mãos antes de tocar nos olhos, pois isso evita o contato com bactérias, vírus e agentes irritantes.
- Evite coçar os olhos. Se sentir coceira, use um lenço limpo ou lave o rosto com água fria.
- Use colírios lubrificantes (sob orientação médica), que ajudam a aliviar a sensação de ressecamento e irritação ocular.
- Mantenha o ambiente limpo e ventilado, já que poeira, mofo e pêlos de animais podem ser gatilhos de coceira ocular.
- Faça pausas ao usar telas, pois o uso prolongado de computadores e celulares reduz o piscar natural dos olhos, provocando ressecamento.
- Use óculos de sol com proteção UV, pois protegem os olhos contra a radiação ultravioleta, que pode causar irritações e aumentar o risco de doenças oculares.
- Durma bem e hidrate-se, uma vez que o sono e a hidratação adequados mantêm a lubrificação ocular equilibrada e reduzem o cansaço visual.
Consultas regulares com oftalmologista
Mesmo que você não apresente sintomas aparentes, consultar o oftalmologista regularmente é essencial para manter a saúde ocular e prevenir complicações.
O ideal é realizar um check-up visual pelo menos uma vez ao ano, ou com maior frequência, se houver histórico familiar de doenças oculares ou condições como ceratocone, miopia alta ou diabetes.
Durante a consulta, o médico pode realizar uma série de exames que avaliam desde o grau refracional até a estrutura da córnea, do nervo óptico e da retina.
Entre os exames mais comuns estão a refração ocular, que mede o grau de miopia, hipermetropia e astigmatismo, e a tonometria, útil para medir a pressão intraocular e prevenir o glaucoma.
Além disso, o oftalmologista pode solicitar uma topografia da córnea, que avalia a curvatura e o formato da córnea a fim de detectar precocemente o ceratocone, assim como a biomicroscopia, que analisa a parte anterior do olho, como córnea e conjuntiva, identificando irritações e inflamações.
Esses exames ajudam não apenas a acompanhar alterações de grau, mas também a avaliar o impacto de hábitos como coçar os olhos na estrutura ocular.
Em casos de ceratocone ou deformações iniciais da córnea, o diagnóstico precoce é decisivo para impedir a progressão da doença.
O profissional também pode indicar tratamentos específicos para aliviar coceiras ou ressecamentos, como o uso de colírios lubrificantes, medicamentos antialérgicos ou até terapias mais avançadas, dependendo da necessidade de cada paciente.
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