Na rotina dos consultórios oftalmológicos, não é raro encontrar pacientes que chegam para corrigir um “astigmatismo” e saem com um diagnóstico diferente: ceratocone.
Essa confusão é compreensível, pois as duas condições apresentam sintomas visuais semelhantes, especialmente nas fases iniciais.
No entanto, o ceratocone é uma doença que altera a estrutura da córnea e pode levar a complicações mais sérias se não for identificada e tratada precocemente.
Neste artigo, você vai descobrir como diferenciar o ceratocone do astigmatismo comum, quais exames confirmam a doença e quais são as opções de tratamento.
Acompanhe!
Astigmatismo e ceratocone: o que eles têm em comum?
O astigmatismo é um erro de refração que ocorre quando a córnea ou o cristalino não possuem uma curvatura perfeitamente simétrica, fazendo com que a luz se disperse em vez de se concentrar em um único ponto na retina.
Já o ceratocone é uma doença progressiva na qual a córnea, em vez de manter o formato arredondado, vai se tornando mais fina e projetada para frente, adquirindo um formato de cone.
Apesar dessas diferenças estruturais, as duas condições apresentam sintomas iniciais muito parecidos:
- Visão distorcida e borrada em todas as distâncias.
- Distorção de imagens e dificuldade para focar.
- Dificuldade para enxergar à noite, especialmente com luzes intensas que causam halos e reflexos.
- Sensibilidade à luz (fotofobia).
- Necessidade frequente de trocar o grau dos óculos.
Essa semelhança sintomática é o principal motivo pelo qual muitas pessoas com ceratocone recebem inicialmente um diagnóstico de astigmatismo comum e usam óculos como forma de correção.
No entanto, com o passar do tempo, o ceratocone avança e as lentes convencionais deixam de proporcionar visão nítida, o que leva à necessidade de exames mais específicos.
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Por que o ceratocone é frequentemente diagnosticado tardiamente?
O diagnóstico tardio do ceratocone acontece principalmente porque, no início, o uso de óculos ou lentes de contato comuns pode melhorar a visão, mascarando a progressão da doença.
Muitos pacientes são acompanhados por anos com ajustes de grau para astigmatismo, até que os óculos deixam de oferecer uma visão satisfatória.
Além disso, o ceratocone costuma surgir na adolescência ou início da vida adulta, quando a pessoa está acostumada a consultas oftalmológicas rápidas e correção visual apenas com lentes.
Outro fator que contribui para o atraso no diagnóstico da doença é a falta de histórico familiar conhecido (apesar de existir predisposição genética), o que pode fazer com que a possibilidade de ceratocone seja desconsiderada.
Dessa forma, o oftalmologista solicita exames mais detalhados apenas quando há piora repentina da visão.
O resultado é que, muitas vezes, o ceratocone só é diagnosticado quando já está em fase moderada ou avançada, e as chances de controlar sua progressão sem intervenções mais invasivas são menores.
Principais diferenças entre ceratocone e astigmatismo
Ainda que compartilhem sintomas semelhantes, existem diferenças fundamentais que ajudam a distinguir o ceratocone e o astigmatismo comum. Veja as principais:
Origem do problema
O astigmatismo comum geralmente é causado por uma curvatura irregular da córnea ou do cristalino, que pode ser congênito (presente desde o nascimento) ou se desenvolver com o tempo, e que tende a permanecer estável ao longo da vida.
Por outro lado, o ceratocone é uma doença degenerativa da córnea, com afinamento progressivo e deformação em formato de cone. A causa exata ainda é desconhecida, mas envolve fatores genéticos e ambientais (como alergias ou atrito ocular excessivo).
Evolução ao longo do tempo
A evolução do problema é outro diferencial importante entre as doenças, pois o astigmatismo tende a ser estável ou sofrer pequenas variações de grau ao longo da vida.
Enquanto isso, o ceratocone é progressivo, especialmente durante a adolescência e início da vida adulta, podendo causar perda visual significativa em poucos anos se não tratado.
Resposta ao uso de óculos
Quanto ao uso de óculos ou lentes de contato, o astigmatismo costuma ter uma boa resposta, e a visão melhora de maneira significativa com esses artefatos.
No caso do ceratocone, o uso de óculos pode trazer uma melhora nos estágios iniciais. No entanto, conforme a doença progride, a vista continua distorcida, o que exige a utilização de lentes de contato especiais.
Estrutura da córnea
No astigmatismo comum, a córnea mantém espessura e formato relativamente regulares. Já no ceratocone, há afinamento progressivo e protrusão, visíveis em exames de imagem da córnea.
Sintomas adicionais
Enquanto no astigmatismo os sintomas limitam-se à visão borrada, dores de cabeça e cansaço visual, o ceratocone pode causar visão dupla monocular (mesmo com um olho tampado), distorção acentuada de imagens, aumento rápido e irregular do grau e, em casos avançados, cicatrizes na córnea.
Veja também: Terçol: sintomas, causas e tratamentos
Quais exames confirmam o diagnóstico de ceratocone?
Para diferenciar o ceratocone do astigmatismo, é fundamental realizar exames de imagem da córnea, que avaliam não apenas o grau refrativo, mas também a curvatura e espessura da superfície ocular.
Os mais indicados são:
Topografia da córnea
Um dos primeiros exames que indicam a presença de ceratocone ainda em estágios iniciais, a topografia corneana cria um “mapa” colorido da curvatura da córnea.
No ceratocone, esse mapa revela áreas mais curvas e íngremes, geralmente na região inferior ou central, além de irregularidades que não aparecem no astigmatismo comum.
Tomografia da córnea
A tomografia da córnea analisa não só a curvatura da superfície, mas também a espessura e elevação da córnea em diferentes pontos.
Com esse exame, é possível identificar afinamento localizado e alterações estruturais internas típicas do ceratocone, assim como determinar o grau da doença e monitorar sua progressão.
Em casos de suspeita, o ideal é que o paciente seja encaminhado para um oftalmologista especialista em córnea, que poderá interpretar corretamente os resultados e propor o tratamento adequado.
Existe tratamento para ceratocone?
Ainda que o ceratocone não tenha uma cura definitiva, existem tratamentos que podem estabilizar a doença e melhorar a qualidade visual, evitando complicações mais graves.
A escolha do tratamento depende do estágio da doença, da idade do paciente e do impacto na visão. Entre as principais opções disponíveis na atualidade, estão:
- Lentes de contato especiais: lentes rígidas gás-permeáveis, esclerais ou híbridas, desenhadas para cobrir a irregularidade da córnea. São indicadas em casos onde os óculos já não oferecem boa acuidade visual, mas a doença ainda não exige procedimentos cirúrgicos.
- Crosslinking corneano: indicado principalmente em pacientes jovens ou com evidência de progressão recente, o tratamento visa fortalecer as fibras de colágeno da córnea por meio da aplicação de riboflavina (vitamina B2) e luz ultravioleta, com o objetivo de interromper ou retardar a progressão do ceratocone.
- Anéis intracorneanos: implantes semicirculares de acrílico colocados na córnea para regularizar sua curvatura, são indicados em casos moderados, especialmente em pacientes que não se adaptam às lentes de contato.
- Transplante de córnea: indicada em casos avançados, quando há cicatrizes, opacidades ou deformações muito severas, o transplante de córnea substitui a córnea danificada por uma saudável, recuperando a transparência e a regularidade.
Como vimos no artigo, o ceratocone é uma doença ocular que pode ser facilmente confundida com o astigmatismo comum, especialmente nos estágios iniciais.
A chave para evitar um diagnóstico tardio é a atenção aos sinais de progressão, como o aumento rápido do grau e a dificuldade de corrigir a visão com óculos.
Exames como a topografia e a tomografia da córnea são fundamentais para confirmar a presença da doença, e o tratamento precoce pode preservar a visão por toda a vida.
Dessa forma, se você ou alguém próximo apresenta mudanças frequentes no grau, visão distorcida que não melhora totalmente com óculos ou sensibilidade acentuada à luz, procure um oftalmologista especialista em córnea.
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